quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Brasil: Aumenta confiança na Igreja Católica

Uma pesquisa divulgada nessa quarta-feira no Brasil mostra que a Igreja Católica saltou do sétimo para o segundo lugar no ranking de confiança da população nas instituições.

A pesquisa, realizada pela Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, tinha como objetivo primeiro medir o Índice de Confiança na Justiça (ICJ Brasil).

De acordo com os dados, o Judiciário ficou em oitavo lugar, empatado com a polícia e à frente apenas do Congresso e dos partidos políticos.

Já a confiança na Igreja aumentou 60% do segundo para o terceiro trimestre deste ano, passado de 34% para 54%.

Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJ Brasil, considera que a controvérsia sobre o aborto nas eleições presidenciais pesou para o aumento do índice de confiança na Igreja.

"A Igreja estava em um grau baixo de avaliação quando foi feita a apuração no segundo trimestre, muito perto da crise envolvendo a instituição com denúncias de pedofilia", disse Luciana ao jornal O Estado de S. Paulo.

"A última fase da coleta coincidiu com a discussão sobre o aborto nas eleições presidenciais. Isso fez a diferença", afirmou.

"A Igreja só perde para as Forças Armadas e ganha de longe do governo federal e, inclusive, das emissoras de TV, que normalmente são instituições consideradas confiáveis pela população", disse a pesquisadora.

Fonte: Zenit

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ser santo é ser humano

Muitos pensam que para ser santo é necessário deixar de ser gente

Santificar-se é descobrir que o projeto de santidade ocorre com a ajuda do Espírito Santo, que move as diferentes pessoas nos diferentes tempos e faz uma obra maravilhosa. Move-nos em um movimento de felicidade. Porque ser santo é ser feliz.

A santidade é feita de momentos, do agora, de oportunidades, de encontros. Ao ler este artigo, você estará traçando um projeto de felicidade, pois poderia estar agora envolvido em outras mil e um coisas, mas está aqui diante desta página confrontando-se com estas palavras.

O Espírito Santo plasma em nós a todo momento uma atitude santa. Uma atitude beata (beato=feliz).

Não negligencie a felicidade que Deus lhe concede. Felicidade é santidade. E não se trata de uma felicidade passageira, uma felicidade “fast food”. Ela não é rápida como a internet de banda larga, mas compõe um projeto de continuidade, de começos, meios e fins.

Infelizmente, muitos pensam que para ser santo é necessário deixar de ser gente e esquecer que a vida é um projeto de bem-aventuranças (felicidade). Ser santo é ser gente na plenitude. É ser humano em tudo aquilo que comporta a palavra “humano”.

Jesus sempre fez este processo de humanização com as pessoas, fazendo-as tomarem posse de si mesmas e, assim, levando-as a se disporem. Ser pessoa não é só completar o que somos e temos de melhor, mas descobrir e cultivar o que temos de melhor para o benefício de outros. Isso é santidade. Santidade é ser melhor e não apenas “o melhor”.

Quer saber como ser santo? Faça bem todas as coisas. Leve Jesus para todos os lugares. Convide-O para estar em todos esses lugares. Santidade não é fuga do mundo, mas transformação deste mundo. É saber que podemos deixar marcas de céu na vida de todos aqueles que estão ao nosso redor. Isso é ser santo. Fazer bem todas as coisas e amar. Este é o segredo da santidade, a verdade de uma humanidade que vive na plenitude. O amor é tudo o que as pessoas procuram.

Não podemos desperdiçar nossa juventude. Devemos vivê-la intensamente, apostando tudo em Jesus e sendo gente, humanos. Sempre com a certeza de que é possível ser santo de calças jeans.

(Do livro "Santos de calça jeans" de Adriano Gonçalves, da Editora Canção Nova)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Papa fará visita de cortesia aos novos cardeais

As visitas de cortesia do Santo Padre aos 24 novos integrantes do Colégio Cardinalício acontecem no sábado, 20, entre 16h30 e 18h30 (em Roma - 13h30 e 15h30 no horário de Brasília). O Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, integra a lista.

O Consistório Ordinário Público para a criação dos cardeais acontece neste sábado, 20, às 10h30 (em Roma - 7h30 no horário de Brasília). A cerimônia ocorre na Basílica de São Pedro e será presidida pelo Papa Bento XVI, com transmissão ao vivo pela TV Canção Nova.

No domingo, 21, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, o Papa presidirá à concelebração da Santa Missa com os novos cardeais na Basílica Vaticana, ocasião em que dará a cada um o Anel cardinalício.

"Os Cardeais têm a missão de ajudar o Sucessor do Apóstolo Pedro no cumprimento de sua missão de princípio e fundamento perpétuo e visível da comunhão na Igreja (cf. Lumen gentium, n. 18)", explicou o Santo Padre ao divulgar a lista com os nomes dos novos cardeais, logo após a Catequese do dia 20 de outubro.

Os novos cardeais provêm de quatro continentes: 15 europeus (incluindo 10 italianos); 4 africanos e americanos, 1 asiático. Este será o terceiro Consistório do Pontificado de Bento XVI. Os cardeais chegarão a um total de 203, dos quais 121 eleitores.

Leonardo Meira
Da Redação, com Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

A tiara volta ao brasão pontifício

No domingo 10 de outubro foi ostentado pela primeira vez o brasão do Papa Bento XVI com a tiara pontifícia, símbolo exclusivo dos Pontífices. Até então havia em seu lugar uma mitra, símbolo próprio de um bispo. A empresa italiana de bordados de luxo Ars Regia — responsável pela confecção do brasão, bordado no tapete exposto sob a janela em que o Pontífice apareceu — explicou que este fora confeccionado segundo "antiga tradição".

A origem da tiara remonta ao Antigo Testamento. Deus disse a Moisés: "Farás também uma lâmina do mais puro ouro, na qual farás abrir por mão de gravador: 'Santidade ao Senhor'. E atá-la-ás com uma fita de jacinto e estará sobre a tiara, iminente à testa do pontífice. E Arão a levará sobre si. E sempre esta lâmina estará sobre a sua testa para que o Senhor lhe seja propício" (Ex, 28, 36-37). Aarão, irmão de Moisés, é o arquétipo de Sumo Sacerdote e prefigura dos Papas.

A tiara, ou tri-regno (tríplice reinado), consta de três coroas que simbolizam:


1ª) a jurisdição eclesiástica do Papa e o governo temporal sobre os feudos pontifícios;
2ª) a autoridade espiritual acima da autoridade temporal dos reis;
3ª) a autoridade efetiva sobre todos os soberanos, podendo nomeá-los ou depô-los.

Elas também significam o poder máximo na Ordem do Sacerdócio, na Jurisdição Universal e no Magistério Supremo. O cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo explicou ao jornal francês "La Croix" que a decisão de não mais usar a tiara havia sido do próprio Bento XVI, que agora a restaurou: "No dia seguinte ao de sua eleição — testemunhou o Cardeal — ele próprio disse-me que não queria que a tiara continuasse aparecendo, e desejava substituí-la por uma mitra". A restauração foi recebida com júbilo pelos católicos, admiradores dos símbolos da Cristandade.

Marcelo Dufaur

domingo, 14 de novembro de 2010

Imagem do Divino Pai Eterno é entregue ao Papa Bento XVI

A imagem peregrina do Divino Pai Eterno cruzou o oceano até o centro mundial da Igreja Católica, em Roma, na Itália. Ontem, o ícone foi entregue às 11h da manhã, horário de Roma, ao Santo Padre, Papa Bento XVI. A entrega da imagem aconteceu na Sala Pontifícia no Vaticano. O reitor do Santuário Basílica, pe. Robson de Oliveira, viajou na quinta-feira, 11, e se juntou ao arcebispo de Goiânia dom Washington Cruz e demais bispos para o encontro com o pontífice.
A imagem foi entregue pelo arcebispo dom Washington Cruz, na presença do reitor do Santuário Basílica, pe. Robson, no momento da visita “Ad limina Apostolorum”. Desde os primeiros tempos, a Igreja foi cimentando-se sobre a base de uma estreita união espiritual e formal entre os apóstolos e seus sucessores, sendo a visita “ad limina” a expressão atual dessa íntima relação e comunhão na fé e na missão. Esse costume remonta ao século IV e, mais tarde, em 1585, o Papa Sisto V a institucionalizou e dispôs a forma de realizá-la. Conforme a legislação eclesiástica, os bispos residenciais devem ir, a cada cinco anos, honrar os túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo e encontrar-se com o Santo Padre. É dentro dos rituais desta visita que a imagem foi entregue ao Papa Bento XVI.
De acordo com o arcebispo de Goiânia, o Papa explicou o sentido da imagem do Divino Pai Eterno e ficou muito feliz por recebê-la no Vaticano. “A gente também ficou muito alegre de ele ter identificado no coração do Brasil essa devoção que é destinada a ser a devoção de todos os brasileiros.” Padre Robson também comentou sobre a importância do momento. “Neste encontro, reafirmamos a comunhão eclesial da Igreja com os fiéis que são os filhos amados do Divino Pai Eterno. Foi um momento único e ficará marcado na história desta devoção que é a que mais cresce hoje no País.”
No ano de 2010 são comemorados os 170 anos de devoção ao Divino Pai Eterno. Devoção essa que surgiu no Centro-Oeste do Brasil, em terras goianas. O reitor tem realizado, durante todo o ano de 2010, visitas peregrinas com a imagem e agora a levou ao Papa, sucessor de Pedro, e vigário de Cristo na Terra.
Na entrega, o reitor do Santuário também pediu uma bênção especial do Santo Padre para todos os Filhos do Pai Eterno, membros da Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno), e, em especial, àqueles que colaborarão com a construção da Nova Basílica.

Fonte: Diário da Manhã

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

“Verbum Domini” em cápsulas

Apresentamos algumas das passagens mais representativas da exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, de Bento XVI, que recolhe as conclusões do Sínodo dos Bispos realizado no Vaticano em outubro de 2008, sobre "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".

* * *

Objetivo: "Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial." (n. 1)

Religião da Palavra, não do livro: "A fé cristã não ser uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'." (7)

Tradição e Escritura: "É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus." (17)

Sagrada Escritura, inspiração e verdade: "A Sagrada Escritura é 'Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito de Deus'. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor." (19)

Deus escuta o homem: "É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (...) A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo." (23)

Exegese: "No seu trabalho de interpretação, os exegetas católicos jamais devem esquecer que interpretam a Palavra de Deus. A sua tarefa não termina depois que distinguiram as fontes, definiram as formas ou explicaram os processos literários. O objectivo do seu trabalho só está alcançado quando tiverem esclarecido o significado do texto bíblico como Palavra atual de Deus." (33)

Antigo Testamento e judaísmo: "A compreensão judaica da Bíblia pode ajudar a inteligência e o estudo das Escrituras por parte dos cristãos. (...) O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente no Novo. (...) Desejo afirmar uma vez mais quão precioso é para a Igreja o diálogo com os judeus." (41/43)

Bíblia e ecumenismo: "Na certeza de que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo." (46)

Traduções, serviço ao ecumenismo: "A promoção das traduções comuns da Bíblia faz parte do trabalho ecumênico. Desejo aqui agradecer a todos os que estão comprometidos nesta importante tarefa e encorajá-los a continuarem na sua obra." (46)

Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)

A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)

Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)

Acústica: "Para favorecer a escuta da Palavra de Deus, não se devem menosprezar os meios que possam ajudar os fiéis a prestar maior atenção. Neste sentido, é necessário que, nos edifícios sagrados, nunca se descuide a acústica, no respeito das normas litúrgicas e arquitetônicas." (68)

Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano." (70)

Atenção aos portadores de deficiência: "O Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos." (71)

A animação bíblica da pastoral: "O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que 'se incremente a pastoral bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral mas como animação bíblica da pastoral inteira'." (73)

Dimensão bíblica da catequese: "A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome." (74).

Lectio Divina: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à lectio divina, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)

Palavra de Deus e Terra Santa: "Os Padres sinodais lembraram a expressão feliz dada à Terra Santa: 'o quinto Evangelho'. Como é importante a existência de comunidades cristãs naqueles lugares, apesar das inúmeras dificuldades! O Sínodo dos Bispos exprime profunda solidariedade a todos os cristãos que vivem na Terra de Jesus, dando testemunho da fé no Ressuscitado." (89)

Anúncio e nova evangelização: "Há muitos irmãos que são 'batizados mas não suficientemente evangelizados'. É frequente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (96)

Testemunho: "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (97)

Compromisso pela justiça: "A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela rectidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." (100)

Direitos humanos: "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (101)

Palavra de Deus e paz: "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (102)

Palavra de Deus e proteção da criação: "O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (...). A arrogância do homem que vive como se Deus não existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma obra da Palavra criadora." (108)

Internet: "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (113)

Diálogo inter-religioso: "A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo." (117)

Diálogo e liberdade religiosa: "O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos." (120)

Fonte: ZENIT

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Papa lança documento sobre Palavra de Deus na vida da Igreja

A Palavra de Deus é o tema central do mais recente documento escrito por Bento XVI, a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini.

O texto recolhe as 55 reflexões e propostas da XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que aconteceu entre 5 e 26 de outubro de 2008 com o tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".

"Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial", indica o Papa na introdução do documento.

A divulgação aconteceu durante uma coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé na manhã desta quinta-feira, 11, às 12h (em Roma – 9h no horário de Brasília).

Participaram da coletiva de imprensa de apresentação do texto o prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet; o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi; o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola Eterović; e o sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fortunato Frezza.

"Isso evidencia mais uma vez a prioridade da Palavra de Deus no seu Pontificado. [...] Poderia se concluir que o Santo Padre Bento XVI pode ser definido como o Papa da Palavra de Deus", ressalta Dom Eterović.

Estrutura

De acordo com o secretário-geral do Sínodo, a Exortação possui múltiplos objetivos:

1 - Comunicar os resultados da Assembleia sinodal; 2 – Redescobrir a Palavra de Deus, fonte de constante renovação eclesial; 3 – Promover a animação bíblica da pastoral; 4 – Sermos testemunhas da Palavra; 5 – Iniciar uma nova evangelização; 6 – Favorecer o diálogo ecumênico; 7 - Amar a Palavra de Deus.

Dom Eterović explica que a Verbum Domini é dividida em três partes: a primeira, Verbum Dei – dividida em três capítulos, sublinha o papel fundamental de Deus Pai, fonte e origem da Palavra (cf. VD, 20-21), bem como a dimensão trinitária da revelação; a segunda, Verbum in Ecclesia – dividida em três capítulos, coloca em realce que, pela Divina Providência, a Igreja é a casa da Palavra de Deus que acolhe o Verbo feito carne e que fez morada entre nós (cf. Jo 1, 14); e a terceira, Verbum mundo – dividida em quatro capítulos, salienta o dever dos cristãos de anunciar a Palavra de Deus no mundo em que vivem e trabalham.

O documento começa com uma Introdução, que fornece úteis indicações preliminares, entre as quais o objetivo da Exortação, e encerra-se com a Conclusão, em que são sintetizadas as ideias mais importantes. O texto já está disponível nas línguas latina, italiana, francesa, inglesa, alemã, espanhola, portuguesa e polonesa.

Maria, hermenêutica e Liturgia

De acordo com o Cardeal Ouellet, a Exortação "desenvolve uma visão dinâmica e dialógica da Revelação. [...] A revelação cristã é essencialmente um chamado ao diálogo, uma Palavra criadora de evento e de encontro, do qual a Igreja faz experiência desde as suas origens".

O prefeito da Congregação para os Bispos acrescenta que Maria permanece o insuperável modelo do relacionamento fecundo entre Igreja e Palavra de Deus, conforme indicado pelo Santo Padre no número 28 da Verbum Domini:

"A referência à Mãe de Deus mostra-nos como o agir de Deus no mundo envolve sempre a nossa liberdade, porque, na fé, a Palavra divina transforma-nos. Também a nossa ação apostólica e pastoral não poderá jamais ser eficaz se não aprendermos de Maria a deixar-nos plasmar pela ação de Deus em nós. [...] Contemplando na Mãe de Deus uma vida modelada totalmente pela Palavra, descobrimo-nos também nós chamados a entrar no mistério da fé, pela qual Cristo vem habitar na nossa vida", escreve Bento XVI.

Ouellet lembra que o Papa defende que é absolutamente necessário rezar com as Sagradas Escrituras para encontrar-se pessoalmente com Cristo. "Daí os numerosos desenvolvimentos da Verbum Domini sobre a Santa Liturgia, sobre a leitura orante e assídua dos textos sagrados, sobre a escuta e o silêncio, sobre a partilha da fé frente aos textos bíblicos, de modo particular na liturgia dominical", afirma.

A Exortação também assinala que a hermenêutica bíblica – chaves de interpretação da Escritura – precisa estar sempre a serviço da fé da Igreja, pois a interpretação da Bíblia flui da vida e do crescimento dessa. Ao tema, são dedicadas cerca de 40 páginas.

Já o sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fortunato Frezza, falou sobre a centralidade física e programática do tema Liturgia no documento papal, pois ocupa as páginas do meio do volume.

"Liturgia e Palavra de Deus compenetram-se em estrita reciprocidade: a Palavra de Deus diviniza a ação litúrgica, a Liturgia é lugar privilegiado para a compreensão da Palavra de Deus, compreensão que se qualifica segundo o dinamismo paulino do conhecer para ser conhecido (cf. 1 Cor 13, 12) e do conhecer para operar na vida segundo o espírito (cf. Fil 3, 8; Ef 3, 16-20).

Copie e cole o endereço abaixo na barra de endereços da internet:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini_po.pdf

Leonardo Meira

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Estreia hino da Jornada Mundial da Juventude 2011

O hino e a trilha sonora da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Madri 2011 estreou ontem, véspera da festa de Nossa Senhora da Almudena, padroeira de Madri.

Com o título "Firmes na fé", o hino foi interpretado pela Joven Orquesta de la Comunidad de Madrid (JORCAM) e pelo coral da Escolanía de El Escorial. Ambos os grupos gravaram o hino que será distribuído a partir do dia 19 de novembro.

"Firmes na fé" acompanhará os jovens na preparação e na realização da JMJ de Madri. Está inspirado no texto de São Paulo - "Enraizados e edificados n'Ele... firmes na fé" (Col 2,7) - escolhido por Bento XVI como tema da JMJ Madri 2011.

O autor da letra é o bispo auxiliar de Madri, César Franco, coordenador geral da JMJ.

Para Dom Franco, "as estrofes realçam a humanidade santíssima de Cristo, ao estilo da tradição mística espanhola, e pretendem aproximá-la dos jovens".

Enrique Vázquez, sacerdote vitoriano e compositor de música religiosa, compôs a melodia. O sacerdote recordou o processo de composição do hino, do qual destaca: "O primeiro desafio por pensar em uma melodia que ajudasse a entender o texto, cantá-lo e rezá-lo".

Da letra, afirmou: "As estrofes começam com um caráter mais lírico, que reflete o assombro, a admiração e o agradecimento diante da Pessoa e da obra do nosso Redentor".

A obra foi gravada em três versões: uma litúrgica, outra instrumental para grandes corais e, finalmente, uma versão popular, com acompanhamento de violão. As três versões estão disponíveis gratuitamente no site oficial da JMJ, no qual também podem ser baixadas, incluindo as partituras.

Quem preferir em formato de CD, pode adquiri-lo na editora San Pablo, que patrocinou a gravação do hino e a produção dos discos compactos.

Um clipe do hino, em versão multilíngue, será distribuído em breve.

Para baixar o hino (música, letra e partitura):
http://www.madrid11.com/es/oficina-de-prensa/descargas/346-himno-2011.

Lojas nas quais se vendem os CDs:
http://libreria.sanpablo.es/redlibrerias.php.

Fonte: ZENIT

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SANTA SÉ: RECONHECER A DIGNIDADE DO SER HUMANO

“Reconhecimento da dignidade de cada pessoa implica absoluto respeito pela dimensão interior e transcendente da pessoa humana”: foi o que disse o Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, Dom Francis Chullikatt, em Nova Iorque. “Os governos têm uma responsabilidade solene de proteger este direito inalienável” que é a liberdade religiosa, “e não permitir que seja ridicularizada e que os fiéis sejam perseguidos", expressou Dom Chillikat ao dirigir a atenção à grave situação na qual vivem os cristãos em muitas partes do mundo.

O Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas expressou ainda tristeza em relação ao documento enviado pelo Relator Especial das Nações Unidas para o direito à educação, Vernor Muñoz Villalobos, no qual se pede uma educação sexual pormenorizada obrigatória para as crianças, criticando aqueles países nos quais se permitem os pais retirem seus filhos de tais disciplinas. “Os pais, observou Dom Chullikat, têm “o direito e a responsabilidade de educar seus filhos”.

Ao concluir, o prelado insistiu que “os direitos humanos estão apoiados na dignidade inerente da pessoa humana, e estes direitos inalienáveis estão fundados na ordem moral natural, e são discerníveis através de uma reta razão, que é universal”. “Minha Delegação deve ser sincera”, disse, “os direitos humanos não mudam mais que do que a natureza humana é capaz de mudar”.

Fonte: Zenit

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

EXORTAÇÃO PÓS-SINODAL “VERBUM DOMINI” SERÁ PUBLICADA EM 11 DE NOVEMBRO

O documento pontifício recolhe os frutos do Sínodo sobre a Palavra de Deus
Na próxima quinta-feira, dia 11 de novembro, será apresentada na Santa Sé a exortação apostólica pós-sinodal de Bento XVI, Verbum Domini.
O documento pontifício recolhe as muitas reflexões e propostas surgidas durante o Sínodo dos Bispos sobre "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja", realizado no Vaticano em outubro de 2008.
Nesta ocasião, intervirá o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Dom Nikola Eterović, secretário-geral do Sínodo, e Dom Fortunato Frezza, subsecretário.

Fonte: ZENIT

PE. FERNANDO BASTOS DE ÁVILA MORRE AOS 92 ANOS

Faleceu na manhã no ultimo sábado (06/11) em Belo Horizonte, o jesuíta Pe. Fernando Bastos de Ávila, na Casa de Saúde Irmão Brandão.

O carioca Pe. Ávila há 75 anos ingressou na Companhia de Jesus e era membro da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a Cadeira nº 15. Ex-Reitor da Puc do Rio de Janeiro, criou nessa Universidade a Escola de Sociologia, Política e Economia.

João Paulo II o nomeou membro da Comissão Pontifíca de Justiça e Paz. Doutor em Filosofia e Telogia pela Universidade Gregoriana, Roma e Doutor em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Louvain, Bélgica, quando defendeu a tese "L’ Immigration au Brésil" aprovada com a mais alta distinção.

Professor de Introdução às Ciências Sociais e de Doutrina Social da Igreja, formou uma geração de eminentes cientistas sociais. Criou a revista Síntese Política, Econômica e Social, com ampla divulgação dentro e fora do ambiente universitário.

Foi um dos intelectuais que se empenhou pelo reconhecimento da profissão de sociólogo e, em 1969 fez parte do grupo que elaborou a reforma universitária.

Pe. Ávila foi solicitado a preparar o livro-texto da disciplina de Moral e Civismo, quando criada pelo Governo Federal. Com uma equipe de especialistas organizou a Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, considerada subversiva, e por isso apreendida.

Quando foi criado o IBRADES, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, instituição destinada a assessorar a CNBB, Pe. Ávila foi o seu primeiro diretor. Também durantes muitos anos assessorou os bispos do Brasil como analista da situação sócio-política do país. Por causa de sua independência chegou a ser levado a um Inquérito Policial Militar.

Interessado pela participação do clero no Parlamento brasileiro, empreendeu uma pesquisa nos 176 volumes dos Anais do Parlamento brasileiro. Junto com o Pe. Pierre Bigot, SJ, trabalhou na preparação de um livro sobre a difusão da Doutrina Social da Igreja na América Latina.

Pe. Ávila deixa quinze livros publicados e numerosos ensaios, artigos e conferências.

Fonte: Rádio Vaticano.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

D. Eugênio 90 anos

A Igreja Particular de São Sebastião do Rio de Janeiro, unida à Igreja que peregrina no Brasil e à universalidade de toda a Igreja Católica no mundo, rendem uníssona um hino de ação de graças a Deus pelos 90 anos da abençoada existência de Sua Eminência Reverendíssima o Cardeal Eugênio de Araújo Sales, quinto Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Dom Eugênio, nascido a 08 de novembro de 1920, em Acari, no Rio Grande do Norte, da família abençoada de Josefa de Araújo Sales e do desembargador Celso Dantas Sales, constituiu uma vida e uma longa folha de serviços eclesiásticos prestados, com humildade, perseverança e dedicação, desde os tempos de jovem padre ordenado na Arquidiocese de Natal, em 21 de novembro de 1943, pela imposição das mãos de Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, bispo de Natal.

Como bispo, nomeado a 1º de junho de 1954, com apenas trinta e três anos, para Bispo Auxiliar de Natal. Em 1962 foi nomeado Administrador Apostólico de Natal. Foi Administrador Apostólico de São Salvador da Bahia em 1964, sendo nomeado Arcebispo Primaz do Brasil em 29 de outubro de 1968. O Papa Paulo VI inscreveu Dom Eugênio no Sacro Colégio dos Cardeais no consistório de 28 de abril de 1969, com o título de São Gregório VII. Em 13 de março de 1971, o Papa Paulo VI transferiu o Cardeal Sales para Arcebispo do Rio de Janeiro. Por fecundos trinta anos, a Igreja do Rio foi guiada por Dom Eugênio até a sua renúncia ter sido aceita pelo Papa, aos oitenta anos, em 25 de julho de 2001.

Desde jovem sacerdote em Natal, Dom Eugênio foi preocupado com a formação do clero e com os meios necessários para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Depois de ser nomeado bispo, Dom Eugênio, em Natal, foi pioneiro em ações pastorais para a Igreja no Brasil, como a idealização da Campanha da Fraternidade, a criação das comunidades eclesiais como forma pastoral, a entrega de paróquias às religiosas, a motorização do clero, as escolas radiofônicas, os sindicatos rurais. Ações estas que foram feitas com grande entusiasmo, muita discrição e colocando sempre em primeiro lugar a necessidade de que a Igreja usasse todos os meios necessários, particularmente os meios de comunicação social, para anunciar o Evangelho, para dar dignidade aos mais pobres, dando-lhes condições de trabalho digno, de renda e de organização para lutar pelos seus direitos.

A fecundidade das múltiplas ações pastorais, sociais e caritativos de Dom Eugênio, em Natal, fizeram com que o seu amigo Dom Helder Câmara, ao fundar a CNBB junto com os Cardeais Motta e Câmara, colocasse em prática as inovações pastorais criadas por Dom Eugênio, sendo que a Campanha da Fraternidade, nascida em Natal sob a guia do jovem Bispo potiguar, assumida pelo Episcopado, logo se espalhasse para todo o Brasil, numa capilaridade pastoral perfeita em que assuntos prementes da vida eclesial sejam discutidos e trabalhados sempre na busca de soluções melhores para a vida do nosso povo.

O Cardeal Dom Jaime, antes de morrer, já começava a aplicar na Arquidiocese do Rio as mudanças propostas pelo Concílio Vaticano II. Dom Eugênio, ao chegar ao Rio de Janeiro, implementou imediatamente as ações evangelizadoras do Concílio Vaticano II, mesmo com as normais dificuldades. Manteve firme a sua confiança inabalável em Deus e governou esta Igreja como sua esposa, sendo o Bom Pastor que conhecia as suas ovelhas, que as chamava pelos nomes e que as confirmava na irrestrita fidelidade a Deus, à Igreja, à Sé de Pedro e ao Papa.

A Igreja do Rio viveu esta comunhão e esta unidade pastoral na fidelidade e no silêncio da ajuda caritativa que sempre chegou aos mais pobres e mais desvalidados, principalmente com a Cruzada de São Sebastião, o Banco da Providência, com a sua Feira da Providência, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Criança, entre outras muitas atividades sociais. Muitas ações de Dom Eugênio foram consideradas fundamentais na vida da cidade do Rio, como aquela ação em favor dos mais pobres, como no caso em que os moradores da favela do Vidigal não foram removidos graças à sua intervenção através da pastoral das favelas. Dom Eugênio subia e descia as favelas, morros e bairros de nossa cidade sempre dialogando e levando a Palavra de Deus aos mais pobres e desvalidos, cuidando de seus direitos, sem se esquecer de dialogar com todos os demais habitantes, principalmente com os construtores da sociedade.

A preocupação permanente da formação do clero foi uma das marcas de Dom Eugênio, que renovou o Seminário São José, incentivando as vocações, ordenando muitos presbíteros (215 durante o seu episcopado) e dando uma assistência especial, por si ou por seus bispos auxiliares, aos padres de sua Arquidiocese.

Bendizemos a Deus pelas vocações sacerdotais e o seu incremento no governo de Dom Eugênio, com muitas ordenações e o seu carinho pelo clero. Para com os bispos do Brasil, organizou anualmente o curso dos Bispos no Sumaré, em que teve a alegria de hospedar em sua primeira edição o então Cardeal Joseph Ratzinger, que veio falar ao episcopado e, depois do mesmo, falou para leigos e religiosos. Estes encontros, dos quais eu mesmo participei em seu governo, eram e ainda são momentos de oração, de renovação espiritual e de atualização nas várias áreas da teologia e dos assuntos eclesiais.


Não podemos deixar de dizer da ampla e silenciosa rede de assistência aos mais pobres que foi idealizada, levada a efeito e protegida por Dom Eugênio em seu longo governo de trinta anos em nossa Arquidiocese. Não era apenas um discurso a defesa dos pobres, mas na prática, no dia a dia, no socorro de suas necessidades e na sua colocação profissional, ou seja, a sua promoção. O Cardeal Sales, silenciosamente, como ele mesmo gosta de dizer, protegeu os presos políticos, ajudou-os materialmente e foi a sua voz junto aos militares, e sempre foi ouvido pelo respeito de suas posições sempre claras, não se comprometendo nem com os militares e nem com a luta armada. Todos conhecem histórias de como ele mesmo levava pessoas que necessitavam sair do país, com o seu veículo, até o Aeroporto. Dom Eugênio é também referência para os refugiados na América Latina e a sua ação, silenciosa e persistente, deu asilo e proteção a muitas pessoas perseguidas em seus países. Muitos hoje retornam e fazem questão de dizer como o Arcebispo do Rio agia com energia e ajudava os que mais precisavam.

No mundo da cultura, o episcopado de Dom Eugênio foi admirável, não só no diálogo com o vasto mundo intelectual do Rio de Janeiro, mas nas parcerias entre a Arquidiocese e a intelectualidade. Homem da boa imprensa, sempre manteve colunas semanais nos jornais Diário de Notícias, O Dia, Jornal do Commercio e O Jornal. Atualmente escreve no jornal O Globo e no Jornal Testemunho de Fé, este da Arquidiocese do Rio.

Desde o início no Rio de Janeiro até recentemente tinha programas semanais nas TVs Tupi, Rio, Globo, Educativa, RedeVida, Canção Nova e Rádios, entre elas Nacional, Vera Cruz, Roquete Pinto, Jornal do Brasil, Carioca, Catedral e Canção Nova. Um homem admirável, que unia doutrina com a ortopraxis, sendo fidelíssimo a Deus, à Igreja e aos Romanos Pontífices.

Homem da Igreja, homem de oração, homem de fé! Dom Eugênio enfrentou as alegrias e as tristezas, enfrentou os trabalhos e as adversidades com a serenidade de um homem de fé, que tendo como exército o breviário, o rosário, a confiança em Deus e a promessa de Cristo a Pedro que de as “portas do inferno jamais sucumbirão a Igreja”, passou por tudo com a serenidade dos justos. Tudo isso foi possível porque invocou sempre a proteção de São Sebastião e de Santana, Padroeiros do Rio de Janeiro, e sempre contemplou e orou diante do Cristo Redentor, que, protegendo a sua vida e o seu ministério, o inspirou muito em fazer, de sua maneira, o melhor bem espiritual para o Rio de Janeiro.

A Igreja do Rio se reúne solenemente neste dia 06 para dizer que tem muito a agradecer a Deus pelo grande Patriarca que ela respeita e agradecer o seu ministério, a sua vida, a sua fidelidade, o seu exemplo. A síntese da vida de meu predecessor se traduz no seu lema – “Impendam et superimpendar”, fundamenta-se na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 12, 15): “Quanto a mim, de muita boa vontade gastarei o que for preciso e me gastarei inteiramente por vós.”

Assim, nós que temos o peso e tremor de suceder ao querido Cardeal Sales, podemos resumir a sua vida da seguinte forma: Um homem que se consagrou a Deus, cujas promessas da ordenação sacerdotal foram vividas rigorosamente no exercício do seu ministério através da fidelidade ao Papa e à Igreja, e no serviço em prol dos mais necessitados. Não lhe importava, ou não importa agradar, mas ser fiel a Cristo sendo, por isso, Sua testemunha. A sua vida de oração, os seus sentimentos, os seus pensamentos, sua conduta, seus afazeres têm uma meta: a causa do Reino.

E a causa do Reino consumiu a sua fidelidade, e nós dizemos: Muito obrigado, Cardeal Sales, pelo exemplo que edificou, pela Palavra que santificou, pela Igreja que uniu, pela fidelidade ao Magistério que ensinou e, ainda mais, sua missão para que aparecesse sempre mais o Cristo que, visibilizado na imagem do Cristo Redentor, fosse Ele a iluminar e abençoar, através de sua ação ministerial a Igreja do Rio e a Igreja Católica.

Dom Orani João Tempesta é Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.