sábado, 28 de agosto de 2010

Vocações, Orações, Missões


Estamos chegando ao final deste abençoado mês de agosto, chamado de mês vocacional, quando a mãe Igreja nos convida a refletir acerca das vocações. É grave dever de todos os católicos o incentivo e o fomento das vocações sacerdotais. Este dever pertence a toda a comunidade dos fiéis, para que a própria comunidade ofereça seus membros para a vida ministerial.

Quantas vezes não ouvimos a citação bíblica: “a messe é grande, mas são poucos os operários”, e pela qual reconhecemos que precisamos de mais pastores. Mas, como somos indiferentes com a prática vocacional! Sabemos que as necessidades de operários são muitas, mas sem dúvida que a necessidade de presbíteros para a Igreja está sempre sendo cobrada pelas comunidades que desejam ter o seu pároco.

Não podemos esquecer o apoio às famílias, que devem estar imbuídas em total espírito de oração, onde lá se encontra o primeiro seminário das vocações.

Os presbíteros, entretanto, em primeiro lugar são responsáveis pelo fomento vocacional, pelo incremento das vocações, seja pelo seu testemunho pessoal, seja pelo seu zelo pastoral em suas comunidades. Isso certamente atrairá os jovens para que também abracem esse mesmo testemunho e este mesmo amor pelos irmãos.

Nesta semana, consultado o Conselho de Presbíteros de nossa Arquidiocese, estamos encaminhando à Cúria Metropolitana a autorização para elaborar decretos para a criação de cinco novas paróquias. É um claro sinal de crescimento do trabalho da Igreja e das necessidades que o crescimento populacional nos impõe. Muito mais presenças, tanto de paróquias como de pequenas comunidades, grupos, núcleos de evangelização, círculos bíblicos ou outros tipos de organizações são necessárias para que a capilaridade da evangelização aconteça em nossa arquidiocese.

Junto com as preocupações de um bom início para as novas comunidades paroquiais surgiu também o incremento do trabalho de partilha entre as paróquias para a ajuda mútua nas necessidades que vão surgindo. Aqui iremos ver até que ponto o interesse pela evangelização e catequese está acima dos demais interesses em nossas comunidades e suas lideranças. O projeto “que todos sejam um” de partilha entre as paróquias já existia como um embrião, agora foi fomentado com um grupo de padres, representando todos os vicariatos, responsabilizando-se de levá-lo adiante.

Com o tamanho atual das paróquias, que exigem que tenhamos mais que um padre atendendo à comunidade, também o criar novas circunscrição supõe a existência de sacerdotes para serem nomeados párocos. Daí vem o nosso apelo neste final de mês vocacional, rezando em especial pelas vocações sacerdotais, supondo, é claro, a caminhada de santidade na vida de nossos jovens. Para isso supõe valorização dos mesmos, unidade entre o presbitério, preocupação com o que é essencial nessa caminhada e, principalmente, busca comum da santidade concreta. As riquezas da diversidade devem contribuir para a unidade ainda maior e a valorização das diferenças enquanto caminhamos juntos.

A vocação, certamente, sempre depende da livre ação de Deus, mas também é incentivada pelo testemunho dos sacerdotes, generosos, alegres, sinceros, verdadeiros. Urge, portanto, o testemunho daqueles que já deram o seu “sim” ao Senhor, como, aliás, em todas as vocações.

Poderíamos destacar três aspectos mais significantes desse testemunho vocacional: o primeiro, a amizade profunda com Cristo, ou seja, permanecer no seu amor e aprender a estar com Ele, em sua comunhão, e mantendo com Ele diálogo constante pela oração (“vinde e vede”, “permanecei comigo”). O segundo será o dom total de si mesmo a Deus, de onde vem a capacidade da entrega total e incondicional, completa, contínua e fiel (“quem quiser me seguir”, “quem põe a mão no arado...”, “alguns não se casam por causa do reino dos céus”). Terceiro: viver em comunhão com os irmãos e irmãs de caminhada (“que todos sejam um”, “vede como se amam”).

No testemunho sacerdotal, as pessoas devem perceber a superação das divisões, das rupturas, das incompreensões deste mundo. Nele as pessoas devem conhecer o que é o perdão.

Portanto, não sejamos indiferentes. Pelo poder da oração peçamos ao Senhor, mas também sejamos generosos quanto ao apoio efetivo e real às vocações. Vivemos num mundo materialista, em que parece que o espiritual está anulado. Precisamos de pessoas que nos digam o contrário; pessoas que caminhem firmes em sua fé e que espalhem para outros o olhar de misericórdia de Deus. Estes serão os bons sacerdotes de que tanto precisamos.

A chave de toda vocação é perceber que Deus tem um plano para cada um de nós. E se eu for chamado a segui-Lo, devo responder com generosidade e amor a este chamado. É sentir-se atraído por Deus!

Recordemos o apelo feito pelo Papa Bento XVI aos jovens americanos, em sua visita aos EUA: “lança para tua vida um estilo caracterizado pela caridade, pela castidade e pela humildade, imitando a Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, do qual devem tornar-se pedras vivas”. Toda a Igreja é responsável, portanto, pelo fomento das vocações.

De forma concreta, temos a chamada obra pelas vocações sacerdotais – OVS, que, infelizmente, não vemos constituídas e organizadas em muitas de nossas paróquias e outros grupos vocacionais como o Serra, GVA. É uma grande responsabilidade, pois os Ministros Ordenados e os Leigos deveriam ter essa grande preocupação pelo fomento e apoio incondicional ao serviço vocacional.

Temos, porém, testemunhos que nos alegram, como a compreensão e ajuda tanto em alimentos como de outras maneiras de muitas paróquias que fazem coletas em prol dos Seminários Arquidiocesanos São José e Rainha dos Apóstolos. São exemplos que deveriam se espalhar em todo o ambiente do nosso Arcebispado.

Em um cântico vocacional antigo dirigido a São José se dizia: “mandai vocações, padres pedem as multidões, sacerdotes para o Brasil” – vemos como isso continua muito atual. Cada dia ouço pedidos desse tipo chegando e um povo sedento de verdadeiros, coerentes e santos pastores. Indo à casa da mãe, peçamos a José que também interceda por nós.

A nossa alegria é também pelos nossos atuais seminaristas, seja pelo entusiasmo juvenil e cheios de ideais que nos fazem agradecer ao Senhor ao ver vocações de todas as regiões e situações de nossa Arquidiocese e desejosos de abraçar a vida presbiteral renovando assim o nosso presbitério que os acolhe como confiança e generosidade. A cada época encontramos características próprias nas vocações e quando temos abertura para a ação do Espírito Santo saberemos valorizar a diversidade em cada situação histórica. Agradeço sinceramente a todos que trabalham nessa área, desde o despertar e acolher, passando pela formação em todos os níveis até o acolhimento generoso e ajuda material.

Lembremos, portanto de Maria, neste final de semana que, como dissemos, iremos ao seu Santuário Nacional, que nos convida a um sim sincero. Imitemos o seu exemplo, cultivando em nosso coração a capacidade de nos maravilharmos com o projeto salvífico de Deus em nossas vidas e de sermos dóceis aos Seus apelos. Ela, certamente, nos ajudará a prosseguirmos firmes no caminho do nosso discipulado.

Dom Orani João Tempesta

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