sexta-feira, 25 de junho de 2010

Primeiro dia da festa de Trindade 2010

Às 5h da manhã de hoje (25.06) A cidade de Trindade acordou mais festiva. Com uma alvorada musical e ao som de fogos de artifícios toda a população se dirigiu a praça do santuário velho para dar inicio a primeira procissão da penitencia na Romaria 2010Cerca de 7 mil fiéis vindos da capital e de diversas cidades do estado e fora dele participaram da manifestação de fé pela manhã que se encerrou com a santa missa no Santuário Basílica.
Também pela manhã saiu do trevo de acesso a rodovia dos em Goiânia, a romaria dos militares,este é um fato que já acontece a cerca de quatro anos,onde o destacamento do Exercito de Goiania,convida a todos os militares para caminharem também no sentido de fazer a vontade do pai e dar uma demonstração de Fe e solidariedade. militaresJá estão neste momento (8:30h) participando de uma celebração presidida por nosso Bispo Aquidiocesano D.washington Cruz o destacamento do exercito e os militares que vieram em peregrinação do trevo de Goiânia.Este evento que já dura 4 anos é uma iniciativa do ministério da defesa e do ordinariato militar para o Brasil,que inclusive tem um trabalho muito bonito de assistência espiritual aos militares,que vivem em constante pressão em virtude de uma sociedade corrompida pela ausência das praticas religiosas.
No momento a situação aqui e tranqüila,trabalhadores ainda estão dando os ultimos retoques para que a festa aconteça dentro da normalidade esperada.O Santuario Basilica fica num local privilegiado,alto,de onde se tem uma vista maravilhosa,de onde se pode ver ao longe as pessoas chegando de todos lados,como quando Jesus,subia aos montes para pregar e podia ser ver pessoas vindo para ouvi-lo.
história
Neste ano de 2010 a romaria de Trindade completa seus 170 anos. A devoção ao Divino Pai Eterno teve início por volta de 1840, com o casal de agricultores Constantino Xavier Maria e Ana Rosa de Oliveira, que vieram se estabelecer nas proximidades do Córrego do Barro Preto, distante aproximadamente vinte e dois quilômetros do município de Campininhas das Flores.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Padre Robson lança oficialmente a Romaria do Divino Pai Eterno

O reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, Pe. Robson de Oliveira, concedeu na manhã desta quarta-feira, 23, coletiva à imprensa, marcando o lançamento oficial da Romaria de Trindade. O evento, que terá início nesta sexta-feira, 25, tem expectativa de público superior a 2 milhões de fiéis, que irão a Capital da Fé comemorar o jubileu de 170 anos de Romaria. A celebração da data especial será marcada ainda pelo lançamento de selo comemorativo pelos Correios.
Na coletiva, o reitor fez breve resgate histórico da trajetória da Romaria do Divino Pai Eterno, ressaltando o trabalho que tem sido realizado no sentido de ampliar a devoção para todo o País: o Pe. Robson já levou, neste ano, a Imagem Peregrina às cidades de São Luis (MA) e Paulínia (SP) e deve, até o fim do ano, levá-la a outros nove municípios brasileiros.
Munido de números, ele pontuou alguns dados interessantes como a utilização de 1 milhão de hóstia, o apoio de 2 mil voluntários e a distribuição de 10 mil refeições para os colaboradores. Questionado sobre o tema da Festa deste ano, “Fazer a Vontade do Pai”, o sacerdote frisou que esta mensagem carrega um sentido profundo. Ela, segundo ele, chama a atenção de todos que querem a felicidade em suas vidas, amparados pelo amor do Pai Eterno.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Padre Robson concederá coletiva de abertura da Festa de Trindade

O reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, Pe. Robson de Oliveira, concederá coletiva à imprensa amanhã, dia 23, às 8h30, na sede do Santuário em Trindade. O objetivo da coletiva é passar todas as informações sobre a maior festa religiosa da região Centro-Oeste, que começa no dia 25 de junho e vai até o dia 04 de julho.
Na coletiva, Pe. Robson falará sobre a importância da festa, as novidades deste ano, o lançamento do selo comemorativo, a íntegra da programação, as precauções que os romeiros precisam ter, a expectativa da coordenação e todas as informações sobre o crescimento da devoção no Brasil.
Neste ano, o tema do evento, “Fazer a Vontade do Pai Eterno”, tem o objetivo de mostrar aos romeiros o quanto é importante a comunhão e o amor ao Divino Pai Eterno. Um dos destaques desta edição é a comemoração dos 170 anos da devoção, que começou em 1840 com o casal Constantino e Ana Rosa.
Além da Festa do Divino Pai Eterno em Trindade, o Santuário Basílica, por meio da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), também realiza em 2010 visitas peregrinas da Imagem, em várias partes do Brasil, para comemoração dos 170 anos. A primeira ocorreu, no mês de maio, em São Luís do Maranhão, e reuniu 40 mil pessoas. No dia 13 de junho, a Imagem foi para a cidade de Paulínia-SP e cerca de 30 mil pessoas participaram da missa presidida pelo Pe. Robson. Também receberão a visita da turnê dos 170 anos as cidades do Rio de Janeiro, Fortaleza, Teresina, Curitiba, Porto Alegre e São José do Rio Preto.
Mesmo com os jogos da Copa do Mundo, a expectativa de público para a Romaria 2010 em Trindade é de mais de 2 milhões de pessoas nos 10 dias do evento. Na programação especial, constam a 7ª Romaria Arquidiocesana a Trindade, a Romaria dos carros de boi, a Missa dos Carreiros, as novenas diárias e a missa com os “romeirinhos” (crianças).

Dimensões fundamentais da descrição de pessoa

Não se pretende aqui apresentar mais uma definição de pessoa, mas descrever as suas características básicas. São estas descrições as utilizadas pela teologia nas últimas décadas. Partimos de dois aspectos básicos constitutivos do ser pessoal: a interiorização ou imanência e a abertura ou transcendência.
A interiorização ou imanência é a dimensão pela qual a pessoa deve estar centrada em si própria, sendo orientada pela própria interioridade. Seu desdobramento se dá a partir da autopossessão; da liberdade e responsabilidade e da perseidade.
- Autopossessão: conforme o próprio termo descreve, na autopossessão a pessoa se pertence, possui autonomia em seu ser. Sendo assim a pessoa não é propriedade do outro, não atentando contra a dignidade da pessoa.
- Liberdade e responsabilidade: a pessoa é capaz de escolher determinados valores por si mesma, a partir de si mesma. A pessoa é chamada a autodecidir, a optar. É chamada a ser livre. Conseqüentemente o ato de decisão e opção leva o exercício da responsabilidade frente ao que foi decidido e a opção feita. A pessoa não se torna objeto de manipulação.
- “Perseidade”: neste aspecto, a pessoa tem em si mesma a sua própria finalidade. No seu agir a pessoa se auto-realiza como ser pessoal. Por isso a pessoa não deve ser medida com critérios meramente utilitários. Assim a pessoa não se torna objeto ou instrumento para ser usado e depois deixado de lado.
Estes conceitos de autopertença, liberdade e auto-pertença, perseidade constituem os aspectos básicos da dimensão de imanência própria à pessoa. Esta imanência é a dimensão mais sublinhada pela tradição clássica.
Interessante perceber que da dignidade do ser da pessoa brota uma crítica radical contra as múltiplas formas antigas e modernas de escravidão, de manipulação e de instrumentalização de pessoas concretas, de grupos sociais e de povos igualmente concretos. Todo tipo de atentado contra a dignidade do ser humano também desumaniza aqueles que escravizam, manipulam e coisificam outros seres humanos. A indignação pessoal frente a essas realidades deve antes implicar em um compromisso na luta por outra sociedade possível, com estruturas renovadas e que estejam a serviço da humanização do homem não obstruindo este cominho de redenção. Este é o objetivo da Igreja quando incentiva o compromisso cristão com a construção de uma sociedade mais justa e mais solidária.
A pessoa é também convidada a desenvolver sua dimensão de abertura ou transcendência. A compreensão desta dimensão se dá quando a reflexão parte do principio de que a pessoa só pode ser verdadeiramente ela mesma quando se autotranscende. Esta dimensão abrange os seguintes aspectos fundamentais: de abertura ao mundo, abertura aos outros e abertura a Deus.
- Abertura ao mundo: A pessoa humana encarnada faz parte também do mundo natural. É criatura entre criaturas, unida a todas as outras numa solidariedade fundamental. A pessoa humana, imagem de Deus é chamada a trabalhar o mundo para transformá-lo em morada digna de toda a humanidade. Esse relacionamento deve ser vivido responsavelmente, perfilado do respeito às leis que regem o dinamismo do ecossistema do qual o homem é parte. Deve-se buscar ter duas atitudes para esta abertura ao mundo: a de transformação responsável do mundo e percepção de seu caráter simbólico não utilitário. O respeito para com a criação é primordial para reconhecermos a face de Deus na obra criada.
- Abertura aos outros: Este aspecto básico do ser pessoal foi bastante descuidado na elaboração da visão clássica de pessoa. A liberdade, autonomia e autofinalidade da pessoa se realizam na relação, no diálogo, no encontro, na abertura aos outros seres pessoais. Sair-de-si para o encontro é um dado constitutivo da pessoa.
- Abertura a Deus: Este é o aspecto mais fundamental da pessoa. É também o que a Sagrada Escritura privilegia. O teólogo Garcia Rubio afirma que “Deus estabelece uma relação dialógica com o ser humano; só o ser humano pode falar com Deus e aceitar a sua proposta. A relação com Deus, relação única e exclusiva, faz de cada indivíduo humano uma pessoa e não apenas mais um indivíduo da espécie humana.” (Garcia Rubio, p. 252, 1989). Pode-se observar que é em Jesus Cristo que se apresenta a extraordinária dignidade de cada ser humano concreto. Na pessoa de Jesus percebemos como a pessoa se realiza sobretudo na relação com o Tu divino, um Deus certamente com características pessoais. A orientação para Deus é a dimensão mais íntima e radical de toda criatura. Parafraseando Walter Kasper no seu livro Jesus, El Cristo, para a fé cristã o homem é pessoa acima de tudo porque é capaz de responder a Deus, de dialogar com Ele e de aceitar a sua proposta. Entre a pessoa humana e Deus existe uma relação única, própria, exclusiva e irrepetível.

Fr. Welinton Silva, C.Ss.R.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Origem cristã do conceito de pessoa

A visão de homem como pessoa é uma criação própria do cristianismo. Não deve, portanto, ser procurada na filosofia grega. Ela é resultado da experiência dialógica na relação entre Deus e o homem. Esta relação implica na decisão e na responsabilidade do ser humano. O ser humano, partindo de uma perspectiva da criação, experimenta que não é objeto de manipulação nas mãos do criador, mas que é vocacionado, convidado a responder ao convite de Deus. O ser humano passa a perceber que é chamado a ser colaborador e parceiro de Deus na realização de seu projeto de amor para a criação.
Em Jesus Cristo, aparecem de maneira especialmente clara o valor, a dignidade e a importância da resposta humana. Toda a vida de Jesus foi vivida na abertura-disponibilidade ao Pai e no amor-serviço aos irmãos. É observando este modo de agir de Jesus que as comunidades cristãs irão percebendo o que significa o valor e a dignidade de cada ser humano concreto. É esta experiência do ser humano como ser de diálogo-relação, que está na base do que a Igreja entende por pessoa.
O significado do termo de pessoa na teologia cristã se confunde conseqüentemente com a definição Trinitária. A utilização de termos parcialmente adequados apontavam para a realidade designada no âmbito da relação e do diálogo. Estes termos de raiz grega (com fundamentos filosóficos) eram insuficientes, porque apresentavam a pessoa de maneira excessivamente exterior e carente de consistência real ontológica. Daí a substituição do termo prósopon pelo termo hipóstasis (suporte) que coloca a Trindade no domínio da realidade objetiva e não da aparência. sendo assim Deus se realiza em três “hipóstases”: Pai, Filho e Espírito Santo, que não são modos de expressão, mas constituem a realidade imanente do Deus-Trindade.

Fr. Welinton Silva, C.Ss.R.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O ser humano é pessoa

Hoje quero partilhar com o amigo leitor uma passagem de um artigo meu elaborado a partir da disciplina de Antropologia Teológica. espero que gostem!
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Situar o ser humano no conjunto da criação encontra seu fundamento na tradição bíblico-cristã, principalmente quando esta ligação parte do tema da criação do homem a imagem de Deus. Lentamente ao longo dos séculos a tradição da Igreja foi construindo sua resposta em torno à afirmação do ser humano como pessoa. Estudiosos como W. Pannenberg acreditam que a origem da afirmação do ser humano como pessoa, situa-se no campo da experiência religiosa. A pessoa passa a se compreender no acolhimento da revelação divina e sua relação com Deus. O livro base da fé cristã, a Bíblia, não usa a palavra pessoa ao se referir ao ser humano, mas realiza uma descrição do ser humano criado por Deus “em uma tríplice relação: de dependência em relação a Deus; de superioridade frente ao universo; de igualdade diante do outro humano” (Cf. Spencer, pg. 30).
Atualmente, a realidade do homem como ser pessoal constitui o melhor resumo da compreensão cristã do ser humano. A percepção de ser humano como pessoa constitui valioso patrimônio para a Igreja, indispensável para o diálogo-confronto com o mundo moderno e para a avaliação do processo vivido pelo povo marginalizado em busca de autonomia. O magistério atual da Igreja situa insistentemente a dignidade da pessoa humana no centro de seus ensinamentos e orientações. Quando se trata da defesa da vida humana, do trabalho, do significado do progresso cientifico e técnico, sempre está em jogo a humanização do homem.
Após diversos debates entre a filosofia grega e a tradição judeu-cristã a fim de formular os termos da fé a todos os povos, principalmente os pertencentes ao império romano, a discussão acerca das definições de Deus (Trindade) e de ser humano não ficaram de fora. A utilização de termos categóricos como natureza (phýsis), substância (hypóstasis) e essência (ousia) acomodaram a noção de pessoa à filosofia grega. Estes debates se refletiram sobre o mistério da Trindade, que, conforme nos foi ensinado, uma única natureza divina se realiza em três sujeitos distintos. Porém o que constitui o Pai, o Filho e o Espírito Santo é sua relação com o ser humano e não sua natureza, isso se refere ao diálogo de infinita abertura comunicativa e amorosa entre as pessoas. Conforme afirmativa “a relação não é algo que acontece para a pessoa, mas é ela própria, diferentemente do que pensava Aristóteles que a caracterizava como mero acidente. Ser pessoa é ser para o outro, o que dá a cada criatura um valor e dignidade únicos” (cf. Spencer, p. 30).

Continua...

Fr. Welinton Silva, C.Ss.R.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Uma catequese oportuna: São Tomás de Aquino


Caros amigos, como tomista que sou, fiquei adimirado pela belissíma catequese que o Papa Bento XVI proferiu nesta quarta-feira. Por isso, num ato de socialização de conteúdo, transcrevemos abaixo o em português com as palavras do Papa dirigida aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral desta quarta-feira, 16 de junho de 2010.

Caros irmãos e irmãs,
depois de algumas catequeses sobre o sacerdócio e de minhas últimas viagens, retornamos hoje ao nosso tema principal, isto é, à meditação sobre alguns dos grandes pensadores da Idade Média. Havíamos visto, na última vez, a grande figura de São Boaventura, franciscano, e hoje desejo falar daquele que a Igreja chama Doctor communis: isto é, Santo Tomás de Aquino. O meu venerado Predecessor, o Papa João Paulo II, na sua Encíclica Fides et ratio, recordou que Santo Tomás “foi sempre proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer teologia” (n. 43). Não surpreende que, depois de Santo Agostinho, entre os escritores eclesiásticos mencionados no Catecismo da Igreja Católica, Santo Tomás venha citado mais que qualquer outro, precisamente sessenta e uma vezes! Ele foi chamado também Doctor Angelicus, provavelmente por suas virtudes, em particular a sublimidade do pensamento e a pureza de vida.
Tomás nasceu entre 1224 e 1225 no castelo que a sua família, nobre e abastada, possuía em Roccasecca, nas proximidades de Aquino, vizinho à célebre abadia de Montecassino, aonde foi enviado pelos pais a fim de receber os primeiros elementos de sua instrução. Alguns anos depois se transferiu para a capital do Reino da Sicília, Nápoles, onde Frederico II fundara uma prestigiosa universidade. Ali era ensinado, sem as limitações vigentes alhures, o pensamento do filósofo grego Aristóteles, no qual o jovem Tomás foi introduzido, e cujo grande valor subitamente intuiu. Mas sobretudo, naqueles anos transcorridos em Nápoles, nasceu a sua vocação dominicana. Tomás foi, na verdade, atraído pelo ideal da Ordem fundada poucos anos antes por São Domingos. Todavia, quando revestiu o hábito dominicano, a sua família se opôs a esta escolha e ele foi constrangido a deixar o convento e a passar algum tempo com a família.
Em 1245, já maior de idade, pode retomar o seu caminho de resposta ao chamado de Deus. Foi enviado a Paris para estudar teologia sob a direção de um outro santo, Alberto Magno, sobre o qual falei recentemente. Alberto e Tomás cultivaram uma verdadeira e profunda amizade e aprenderam a estimar-se e a se querer bem, a ponto de Santo Alberto querer que seu discípulo o seguisse a Colônia, aonde o próprio Alberto fora enviado pelos Superiores da Ordem a fundar uma escola de teologia. Tomás teve então contato com todas as obras de Aristóteles e de seus comentadores árabes, que Alberto esclarecia e explicava.
Naquele período, a cultura do mundo latino fora profundamente estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles, que permaneceram desconhecidas por muito tempo. Tratava-se de escritos sobre a natureza do conhecimento, sobre ciências naturais, sobre metafísica, sobre a alma e sobre a ética, ricos de informações e de intuições que pareciam válidas e convincentes. Era toda uma visão completa do mundo desenvolvida sem Cristo e antes d’Ele, somente com a razão, e parecia impor-se à razão como “a” própria visão; despertava, pois, um incrível fascínio nos jovens ver e conhecer esta filosofia. Muitos acolheram com entusiasmo, até mesmo com entusiasmo acrítico, esta enorme bagagem do saber antigo, que parecia poder renovar vantajosamente a cultura, abrir totalmente novos horizontes. Outros, porém, temiam que o pensamento pagão de Aristóteles estivesse em oposição à fé cristã e se recusavam a estudá-lo. Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com sua radical racionalidade, e a clássica cultura cristã. Certos ambientes foram levados à rejeição de Aristóteles também pela apresentação que de tal filósofo fora feita pelos comentadores árabes Avicena e Averróis. De fato, foram eles que transmitiram ao mundo latino a filosofia aristotélica. Por exemplo, estes comentadores haviam ensinado que os homens não dispõem de uma inteligência pessoal, mas que neles há um único intelecto universal, uma substância espiritual comum a todos, que opera em todos como “única”: portanto uma despersonalização do homem. Um outro ponto discutível veiculado pelos comentadores árabes era aquele segundo o qual o mundo é eterno como Deus. Compreensivelmente surgiram, no mundo universitário e no eclesiástico, disputas sem fim. A filosofia aristotélica estava sendo difundida inclusive entre o povo simples.
Tomás de Aquino, na escola de Alberto Magno, desenvolveu uma operação de fundamental importância para a história da filosofia e da teologia, eu diria, para a história da cultura:estudou a fundo Aristóteles e os seus intérpretes, buscando novas traduções latinas dos textos originais gregos. Assim não se apoiava mais somente nos comentadores árabes, mas podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou grande parte das obras aristotélicas, distinguindo nelas o que era válido daquilo que era dúbio ou que devesse ser recusado totalmente, mostrando a consonância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e agudamente o pensamento aristotélico na exposição dos escritos teológicos que compôs. Em definitivo, Tomás de Aquino mostrou que entre a fé cristã e a razão existe uma natural harmonia. E esta foi a grande obra de Tomás, que naquele momento de conflito entre duas culturas – momento no qual parecia que a fé devia dobrar-se diante da razão – mostrou que ambas caminham juntas, que quando aparecia uma razão não compatível com a fé não era razão, e quando aparecia uma fé não era fé, enquanto oposta a uma verdadeira racionalidade; assim ele criou uma nova síntese que formou a cultura dos séculos seguintes.
Por seus excelentes dotes intelectuais, Tomás foi chamado a Paris como professor de teologia na cátedra dominicana. Ali também deu início a sua produção literária, que prosseguiu até a morte, e que há algo de prodigioso:comentários à Sagrada Escritura, porque o professor de teologia era sobretudo intérprete da Escritura, comentários aos escritos de Aristóteles, obras sistemáticas poderosas, entre as quais se destaca a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre vários temas. Para a composição de seus escritos era coadjuvado por alguns secretários, entre os quais o confrade Reginaldo de Piperno, que o seguiu fielmente e ao qual se ligou por uma profunda e sincera amizade, caracterizada por uma grande familiaridade e confiança. Esta é uma característica dos santos: cultivam a amizade, porque ela é uma das manifestações mais nobres do coração humano e que tem em si algo de divino, como o próprio Tomás explicou em algumas quaestiones da Summa Theologiae, na qual escreve: “A caridade é a amizade do homem com Deus principalmente, e com os seres que a Ele pertencem” (II, q. 23, a. 1).
Não permanece muito tempo e estavelmente em Paris. Em 1259 participou do Capítulo Geral dos Dominicanos em Valenciennes, onde foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos na Ordem. Depois, de 1261 a 1265, Tomás estava em Orvieto. O Papa Urbano IV, que nutria por ele uma grande estima, lhe confiou a composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Christi, que celebramos amanhã, instituída em seguida ao milagre eucarístico de Bolsena. Tomás teve uma alma autenticamente eucarística. Os belíssimos hinos que a liturgia da Igreja canta para celebrar o mistério da presença rela do Corpo e do Sangue do Senhor na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica. De 1265 até 1268 Tomás residiu em Roma, onde, provavelmente, dirigia um Studium, isto é, uma Casa de estudos da Ordem, e onde começou a escrever a sua Summa Theologiae (cf. Jean-Pierre Torrell, Tommaso d’Aquino. L’uomo e il teologo, Casale Monf., 1994, pp. 118-184).
Em 1269 foi novamente chamado a Paris para um segundo ciclo de magistério. Os estudantes – compreende-se bem – eram entusiastas de suas aulas. Um ex-aluno seu declarou que uma grande multidão de estudantes seguia os cursos de Tomás, tanto que as salas mal podiam comportá-los e acrescentava, com uma anotação pessoal, que “escutá-lo era para ele uma felicidade profunda”. A interpretação de Aristóteles dada por Tomás não era aceita por todos, mas mesmo os seus adversários no campo acadêmico, como Godofredo de Fontaines, por exemplo, admitiam que a doutrina de frei Tomás fosse superior às outras por utilidade e valor e servia como corretivo às de todos os outros doutores. Talvez também a fim de subtraí-lo às intensas discussões em curso, os Superiores o enviaram uma vez mais a Nápoles, à disposição do rei Carlos I, que pretendia reorganizar os estudos universitários.
Além do estudo e do ensino, Tomás se dedicou também à pregação ao povo. E também o povo, de boa vontade, ia escutá-lo. Eu diria que é verdadeiramente uma grande graça quando os teólogos sabem falar com simplicidade e fervor aos fiéis. O ministério da pregação, por outro lado, ajuda os próprios estudiosos de teologia com um saudável realismo pastoral, e enriquece de vivos estímulos suas pesquisas.
Os últimos meses de vida terrena de Tomás permanecem circundados por uma atmosfera particular, diria até misteriosa. Em dezembro de 1273 chamou o seu amigo e secretário Reginaldo para comunicar-lhe a decisão de interromper todo trabalho, porque, durante a celebração da Missa, havia compreendido, em seguida a uma revelação sobrenatural, que tudo quanto havia escrito até então era somente “um monte de palha”. É um episódio misterioso que nos ajuda a compreender não somente a humildade pessoal de Tomás, mas também o fato de que tudo aquilo que conseguimos pensar e dizer sobre a fé, não obstante elevado e puro, é infinitamente superado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada em plenitude no Paraíso. Alguns meses depois, sempre mais absorvido em uma profunda meditação, Tomás morreu enquanto viajava para Lyon, para onde se dirigia a fim de tomar parte no Concílio Ecumênico convocado pelo Papa Gregório X. Expirou na Abadia cisterciense de Fossanova, depois de ter recebido o Viático com sentimentos de grande piedade.
A vida e a doutrina de Santo Tomás de Aquino se poderia resumir em um episódio transmitido pelos antigos biógrafos. Enquanto o Santo, como seu costume, estava em oração diante do Crucifixo, logo pela manhã na Capela de São Nicolau, em Nápoles, Domingos de Caserta, o sacristão da igreja, ouviu desenvolver-se um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se tudo o que havia escrito sobre os mistérios da fé cristã estava correto. E o Crucifixo responde: “Tu falaste bem de mim, Tomás. Qual será a tua recompensa?”. E a resposta que Tomás deu é aquela que também nós, amigos e discípulos de Jesus, queremos sempre dar-lhe: “Nada além de Ti, Senhor!” (Ibid., p. 320).

BENEDICTUS PP. XVI

terça-feira, 15 de junho de 2010

KE NAKO A hora da Africa do Sul

Depois de ficar um tempinho fora do universo da internet, estou de volta com todo o pique para fazer aquilo que gosto, da maneira que posso. A nossa proposta continua com muitas novidades e comentários, artigos construtivos e a singela colaboração de Carlos Alberto Di Franco. Neste ano trarei informações quentíssimas sobre a maior Festa religiosa do centr-oeste e os bastidores das celebrações religiosas. Para finalizar e em clima de Copa do Mundo, quero compartilhar com o amigo internalta um documentário produzido pelo jornalista e padre Rafael Vieira. Ele esteve no país da copa, a Africa do Sul, e traz a todos boas informações acerca daquele povo que será o anfitrião do maior espetáculo da terra. Um forte abraço prá vc e até logo.