quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mais um Sínodo para a Igreja


Um acontecimento importante movimentou a Igreja Católica Romana no período de 5 a 26 de outubro de 2008. Poucos sabem que durante estes dias aconteceu na cidade do Vaticano a XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que abordou a interessante temática sobre “A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”.
A preparação deste Sínodo suscitou numerosas iniciativas para o anúncio da Palavra de Deus, ao ponto de vários bispos escolherem como programa pastoral temas relacionados com o Sínodo.
As intervenções feitas pelos Padres sinodais, foram antecedidas pela intervenção do Papa Bento XVI que falou acerca do trabalho exegético. A exegese segundo Bento XVI não deve ser só histórica, mas teológica para o futuro da fé. No entanto, um fato histórico se destaca nesse evento: pela primeira vez na história um líder da Igreja no Oriente participou de um Sínodo Católico. A intervenção do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I aconteceu na Capela Sistina. Bartolomeu I discorreu sobre “A Escritura na tradição ortodoxa”, extrapolando os limites de uma cordialidade teológica, mas, apresenta uma verdadeira fraternidade entre as “igrejas irmãs” por parte de seus pastores maiores.
Para Bartolomeu I a Palavra de Deus tem importância fundamental não apenas para a Igreja Católica Romana, mas também para todos aqueles chamados a testemunhar Cristo nos nossos tempos. Ressalta ainda que a Igreja tem necessidade de redescobrir a Palavra de Deus em cada geração e fazê-la emergir com renovado vigor e força persuasiva, também no nosso mundo contemporâneo, que, no profundo de seu coração, está sedento da mensagem de paz, esperança e caridade de Deus.
Já o Papa Bento XVI lembrou, na missa de abertura do sínodo, que a primeira e fundamental tarefa da Igreja é nutrir-se da Palavra de Deus. De fato, afirma ele, se o anúncio do Evangelho constitui a sua razão de ser e sua missão, é indispensável que a Igreja conheça e viva aquilo que anuncia, para que sua pregação seja crível, apesar das limitações e das pobrezas dos homens que a compõem. Neste Ano Paulino, sentiremos ressoar com particular urgência a exclamação do Apóstolo dos gentios: 'Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho'.
Do Brasil, além do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer (um dos Presidentes delegados do Sínodo), participaram também o Arcebispo de Mariana (MG) e Presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha; o Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo; o Arcebispo de Ribeirão Preto e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, Dom Joviano de Lima Júnior e o Bispo de Goiás (GO) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB, Dom Eugène Lambert Adrian Rixen.
As contribuições dos Padres sinodais foram de grande valia. Uma passagem do resumo da Mensagem do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus assim nos exorta: “Queridos irmãos e irmãs, custodiai a Bíblia em vossas casas, lede-a, aprofundai e compreendei plenamente suas páginas, transformai-a em oração e testemunho de vida, escutai-a com amor e fé na liturgia. Criai o silêncio para escutar com eficácia a Palavra do Senhor e conservai o silêncio depois da escuta, porque ela continuará habitando, vivendo e falando-vos. Fazei que ela ressoe no começo do vosso dia, para que Deus tenha sempre a primeira palavra e deixai-a ressoar em vós à noite, para que a última palavra seja de Deus.”.

Welinton Silva é seminarista redentorista, licenciado em filosofia pela Universidade Católica de Goiás, Goiânia.
welintonredentorista@hotmail.com

Artigo publicado na edição nº 7680 de 15 de novembro de 2009 no Jornal Diário da Manhã.

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